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JBO - Jornal Brasileiro de Oftalmologia 18 Nº 200 - Janeiro / Fevereiro / Março - 2023
ARTIGO RBO
Tratamento de Olho Seco com Adalimumabe Subconjuntival em
Pacientes Portadores de Síndrome de Sjögren
Dra. Juliana Vargas
Uma das autoras do artigo, explica a pesquisa realizada, que avaliou o uso de
adalimumabe subconjuntival para o tratamento de olho seco em pacientes
com síndrome de Sjögren.
A pesquisa realizada teve como principal objetivo O presente estudo consistiu em uma série de casos
descrever o uso subconjuntival do anti-TNF adalimu- intervencionista com desenho prospectivo, não ran-
mabe para o tratamento de olho seco em pacientes domizado, não comparativo. O medicamento ada-
com Síndrome de Sjögren. Eu e os demais autores limumabe foi aplicado em região subconjuntival na
acreditávamos que o adalimumabe tópico poderia dose de 0,03 mL (1,5 mg) com auxílio de agulha de
trazer benefício aos pacientes, já que tal medicação 26 gauges e 13 mm em pacientes com Síndrome de
age bloqueando o fator de necrose tumoral-α (TN- Sjögren e olho seco que eram resistentes a outras te-
F-α) e impede a progressão da cascata inflamatória, rapias convencionais. Pacientes com patologias ocu-
importante fator no desenvolvimento e gravidade lares de origem infecciosa ou com alterações estru-
do olho seco. Pesquisas anteriores comprovaram a turais nas vias lacrimais e pálpebras foram excluídos
existência de citocinas pró-inflamatórias como IL-1α, do estudo. Os dados coletados incluíram idade, sexo,
IL-6, IL-8, TNF-α e TGF-β no epitélio conjuntival dos teste de lisamina verde, teste de Schirmer, pressão in-
pacientes com Síndrome de Sjögren e aumento de traocular, mobilidade conjunctival, teste do break up
IL-6 e TNF-α na lágrima de pacientes com olho seco time e avaliação biomicroscópica com colírio de fluores-
(PFLUGFELDER et al., 1999; YOON et al., 2007). Além ceína. Além disso, o questionário ocular surface disease
disso, observamos resultados positivos no uso intraví- index (OSDI) validado para a língua Portuguesa foi apli-
treo do adalimumabe para tratamento de uveíte não cado com objetivo de avaliar subjetivamente a resposta
infecciosa com redução do edema macular e da rea- dos pacientes ao tratamento.
ção inflamatória (HAMAM et al., 2016) e, embora não
possamos extrapolar os resultados para humanos, Em nossos resultados, 11 olhos de 8 pacientes foram
Li et al. demonstraram que o uso de adalimumabe estudados. A idade média dos pacientes foi de 53 ±
tópico em ratos com olho seco induzido promoveu 13.4 anos e a duração do follow-up foi de 90 dias após
aumento na produção lacrimal e diminuição das cito- a injeção. Não houve melhora estatisticamente signi-
cinas pró-inflamatórias IL-1β, IL-6, IL-17, e IFN -γ na ficativa nos testes objetivos (todos apresentaram P>
conjuntiva (LI et al., 2012). 0,05). A pressão intraocular também não sofreu varia-
ções estatisticamente significativas (P = 0,11). Entre-